A escrita de Mário de Carvalho é perfeita, lembra-me a mestria dos grandes pianistas e violinistas.
A fluidez da acção dos seus textos é surpreendente! É como se ele fosse um realizador de filmes que se projectam directamente no nosso cérebro, que não precisam de ser filmados, nem montados, nem projectados numa qualquer sala de cinema. Acção sem intermediários.
Um exemplo?
"Zac! Que era aquilo?
Confiante, Óscar estorcera a mão autoritária para a trivolta da fechadura de marca, algo sofisticada, saciada de óleos, afeita a um triplo estalo, triunfal, dominador do patamar - e hoje era um pífio zac? O súbito bloqueio até lhe fez doer os dedos, acostumados ao balanço rodado! Zac? Só Zac?"
(extraído do conto "Interminável invasão", do livro cuja capa se apresenta na foto em cima)
Felizmente, para além deste, dele só li o livro "Fantasia para dois coronéis e uma piscina". Ainda vou ter o prazer de ler muitos livros seus pela primeira vez.
Como já mostrei em post anterior, estou a ler o livro "O Medo do Insucesso Nacional" de Álvaro Santos Pereira.
O Capítulo 8 intitula-se "As verdadeiras causas da nossa desgraça".
Ele considera e insiste que o défice orçamental não é uma delas.
O autor apresenta as razões para o nosso atraso de desenvolvimento relativamente à média europeia, numa perspectiva positiva, com intenção de as identificar de forma a podermos combatê-las rapidamente.
Tive vontade de as transcrever para aqui, até para as registar para mim:
O capítulo seguinte chama-se "O medo de falhar". Interessante, este livro!
Há uns dias festejei o meu aniversário e fotografei os meus presentes.
Hoje olhei com atenção para a fotografia.
O que me veio à ideia?
Se estes fossem os presentes oferecidos há 100 anos a um tipo qualquer no seu quadragésimo aniversário pouca coisa mudava.
Talvez apenas o colorido das capas dos livros e das embalagens e o kit de fazer crepes.
O mundo não muda assim tanto!
O meu amigo Simão Veiria, professor de Filosofia na minha escola, vai editar um livro.
Parabéns Simão!
«Contempla-se o mar. À força de o vermos gastamo-nos nele, usamos por inteiro as suas quatro lembranças. Desconhece-se que delírio de ignorância nos vai arrebatar.»
. O mundo não muda assim ta...
. CLDPC