A escrita de Mário de Carvalho é perfeita, lembra-me a mestria dos grandes pianistas e violinistas.
A fluidez da acção dos seus textos é surpreendente! É como se ele fosse um realizador de filmes que se projectam directamente no nosso cérebro, que não precisam de ser filmados, nem montados, nem projectados numa qualquer sala de cinema. Acção sem intermediários.
Um exemplo?
"Zac! Que era aquilo?
Confiante, Óscar estorcera a mão autoritária para a trivolta da fechadura de marca, algo sofisticada, saciada de óleos, afeita a um triplo estalo, triunfal, dominador do patamar - e hoje era um pífio zac? O súbito bloqueio até lhe fez doer os dedos, acostumados ao balanço rodado! Zac? Só Zac?"
(extraído do conto "Interminável invasão", do livro cuja capa se apresenta na foto em cima)
Felizmente, para além deste, dele só li o livro "Fantasia para dois coronéis e uma piscina". Ainda vou ter o prazer de ler muitos livros seus pela primeira vez.
O meu amigo Simão Veiria, professor de Filosofia na minha escola, vai editar um livro.
Parabéns Simão!
«Contempla-se o mar. À força de o vermos gastamo-nos nele, usamos por inteiro as suas quatro lembranças. Desconhece-se que delírio de ignorância nos vai arrebatar.»
. CLDPC